terça-feira, 29 de maio de 2007

Divino Espirito Santo - o Bodo...


As festas do Divino Espirito Santo têm o seu final com o Bodo.
Saindo da Igreja em cortejo, percorrem as ruas da terra e, no final, todos os participantes depositam as coroas, ofertas e bandeiras num recinto escolhido para o efeito.
As ofertas de sopa, pão e vinho são distribuidas pelos presentes, depois de abençoadas.
Os irmãos recebem-nas e todas as pessoas que passam podem livremente servir-se de pão, sopa e vinho.
Neste ano de 2007, a tradição antiga foi adaptada o mais possivel e foi bonito de ver a confraternização no final do cortejo.
Nem o tempo cinzento conseguiu tirar o sorriso dos rostos das pessoas que se envolveram e trabalharam assim como nas pessoas que, cada qual à sua maneira, deram o seu contributo para as festas, mesmo que tenha siso apenas com a sua presença, como foi o meu caso.
Damião de Goes, por volta do ano de 1570 ofereceu à Igreja do Espirito Santo, entre outros bens, órgãos de som para substituirem os que havia e mal funcionavam e ainda uma mesa grande de mármore onde se partisse a carne dos touros que se distribuia no bodo e uns bordos de madeira de fora, para fazer-se bancos onde se pusesse o pão para ser benzido.
Este ano, fui tudo muito mais simples mas a sopa da pedra que foi distribuida pelos presentes estava deliciosa e bem quentinha, mesmo a calhar porque o fim da tarde estava fresco e a chuva miudinha ameaçava voltar.
Que esta iniciativa se repita para o ano e que continue, sempre cada vez com mais empenho e entusiasmo.

Divino Espirito Santo - as celebrações do seu culto...


Em domingo de Páscoa saía da Igreja do Espírito Santo, a bandeira da Irmandade, levada por um homem nobre.
Um menino, filho das famílias principais da terra, caminhava entre duas jovens, levando na mão uma espada antiga curta, que a tradição dizia ser de D.Dinis.
Atrás vinha um homem nobre seguido do capelão da Casa do Espírito Santo, com uma corôa de prata dourada sobre uma salva, também, de prata.Chegada a procissão à Igreja de S.Francisco esse homem nobre é coroado pelo sacerdote vestido de capa de asperges e depois as duas jovens dançavam com quatro homens nobres à vista do homem coroado que sentado debaixo de um docel, fazia a figura de imperador.

Doce, fruta, vinho e água, quanto sómente baste era consumida nesta cerimónia, feita no átrio deste templo.
Repetia-se este ritual todos os domingos até ao sábado de Espírito Santo (ou seja ao 7º domingo depois da Páscoa.
Nesse sábado, véspera do domingo do Espírito Santo, ia o imperador acompanhado dos religiosos de S.Francisco e de todo o clero, até à Igreja de Triana, onde feita a oração, continuava a procissão de regresso e a recolher na Igreja do Espírito Santo e aqui benziam-se muitas merendeiras e carne que se repartia pelo povo.
Como prova de grande riqueza e fama desta Confraria em Alenquer, sabe-se que entre 1520 e 1577 entraram 1052 confrades novos a somar aos já existentes.
Entre eles encontravam-se muitos dos nomes mais nobres e antigos, como por exemplo Damião de Goes, Afonso de Albuquerque, Pedro de Alcaçova Carneiro, Francisco Carneiro, D. Pedro de Noronha, D. Leão de Noronha, a condessa de Linhares, D. Isabel de Lencastre, Lopo Vaz Vogado, D. Manuel de Portugal, Manuel Gouveia, Lançarote Gomes Godinho e muitas outras personalidades.

Divino Espirito Santo - o retomar do Seu culto...


O culto do Espírito Santo, de acordo com o historiador português Moisés do Espírito Santo, tem origem na Antiguidade.
Entre os israelitas, a Festa de Pentecostes era celebrada cinquenta dias (sete semanas) depois da Páscoa, sendo uma das quatro festas importantes do calendário judaico: Páscoa, Omar, Pentecostes e Colheitas.Ela era conhecida, ainda, com nomes diferentes: das Ceifas, das Semanas, do Dom da Lei, e outros, tendo sido, primitivamente, uma festa agrária dos cananeus.
Entre os hebreus, o termo “shabüoth” faz referência à festa que começa cinquenta dias depois da Páscoa e marca o fim da colheita do trigo.
“A Festa do Divino é um eco das remotas festividades das colheitas".
Já o culto ao Espírito Santo, sob a forma de festividade, no sentido que iria adquirir mais tarde, tem início na Idade Média, em Itália, com um contemporaneo de São Francisco de Assis, o abade Joachim de Fiori (morto em 1202), que ensinava que a última fase da história seria a do Espírito Santo.
Em Portugal, no séc. XIV, a festa do Divino já se encontrava incorporada à Igreja, como festividade religiosa, segundo reza um velho pergaminho franciscano depositado na Camara Velha de Alenquer.
A responsável por essa institucionalização da festa em solo português foi a rainha Santa Isabel, esposa do Rei D. Diniz (1.279- 1.325), que mandou construir a Igreja do Espírito Santo, em Alenquer.

A primeira celebração do Império do Divino Espírito Santo, provavelmente influenciada pelos franciscanos, teria mesmo ocorrido em Alenquer pois foi aqui que os mesmos fundaram o primeiro convento franciscano em Portugal.
A partir dali o culto expandiu-se, primeiro por Portugal (Aldeia Galega, na época Montes de Alenquer, Sintra, Tomar, Lisboa) e depois acompanhou os portugueses nos descobrimentos, nomeadamente, no Brasil e nos Açores onde ainda permanece com todo o vigor, principalmente na ilha Terceira.

Há 200 anos que as festas do Divino Espirito Santo foram interrompidas em Alenquer e retomadas apenas uma única vez, em 1945.
Renasceram este ano de 2007 sob o lema "O Espirito Santo sopra onde quer", com inicio no Domindo de Páscoa e o final no Domindo de Pentecostes com a celebração solene na Igreja de S.Francisco, a Procissão e o Bodo, no Largo do Espirito Santo.
As origens medievais destas festas foram acentuadas na Procissão com gaitas de foles e tambores.
Representando as 16 freguesias do concelho, caminhavam camponeses, com cestas de pão e o vinho para servir no bodo.

Foi há sete séculos que se iniciou em Alenquer esta celebração, que durou 500 anos.
Que este retomar não se perca de novo e que Espirito Santo sopre sobre os responsáveis e lhes dê força e entusiasmo para continuarem por muitos anos.

Igreja do Espirito Santo - o seu restauro e inauguração...


Esta Igreja foi mandada erigir em honra do Espirito Santo pela rainha Santa Isabel.
Foi restaurada recentemente e inaugurada este ano de 2007 no Domingo de Páscoa, dia 8 de Abril, dando-se também inicio nesse dia às Festas do Império do Divino Espirito Santo que se prolongaram até ao Domingo de Pentecostes, em 27 de Maio.
Durante todo o tempo pascal várias iniciativas foram levadas a cabo mas o culminar das festas aconteceram no Domingo de Pentecostes com a Missa de Pentecostes, a Procissão do Espirito Santo e o Bodo.
Estas festas foram organizadas pela Camara Municipal, Paróquias de Alenquer e Santa Casa da Misericordia pretedem que se retome a tradição do culto e festividades do Divino Espirito Santo que tiveram o seu inicio precisamente em Alenquer.
Damião de Goes era confrade da Casa e Igreja do Espirito Santo, de Alenquer, onde ouvia missa e assistia às festas imperiais, sempre que estivesse em Portugal.
Eram celebradas com tanto brilho, esplendor e entusiasmo que tinham fama em todo o Reino e a Alenquer chegavam romeiros vindos de Lisboa e de outras partes de Portugal. O concelho de Alenquer viu criar-se outras Igrejas dedicadas ao Espírito Santo, como por exemplo, a de Ota e da Atalaia, e as capelas em Aldeia Galega, Aldeia Gavinha e a do Arneiro.

Nesta Igreja, o que chama a atenção do visitante que a conheceu antes do restauro é a luminosidade que, antes, era quase inexistente e a tornava numa igreja escura e algo misteriosa.
Agora a luz invade o templo eu não deixo de pensar que talvez o antigo brilho, esplendor e entusiasmo esteja de volta, com a inspiração divina do Espirito Santo.

Igreja do Espirito Santo - a sua construção...


A Igreja do Espírito Santo, situada junto ao rio Alenquer, na sua margem direita, vem do tempo da Rainha D.Isabel de Aragão (Rainha Santa Isabel, mais tarde canonizada), esposa do Rei D.Dinis.
Esta Rainha, tendo estado, temporáriamente, separada do marido, viveu em Alenquer e por sua iniciativa construiu-se a Ermida do Espirito Santo.
Conta um cronista da época que "... como amava a seu esposo, em Deus, e a Deus, em seu esposo, unia os agrados, não repartia os afectos, porque em Deus achava o preceito de amar a seu esposo, e no amor de seu esposo, fazia o que Deus lhe mandava ".
Guilherme João Carlos Henriques, na sua obra de 1873,"Alemquer e o seu Concelho", refere que havia em 1707, uma cruz de pedra na Calçada que sobe para a Igreja de S.Pedro, que já existia por volta de 1260.
Essa cruz comemorava o milagre de cada rosa que a Rainha tinha dado a cada pedreiro da Ermida do Espírito Santo, e se tinha transformado num "dobrão" de oiro.
A Ermida do Espírito Santo terá sido construída depois de 1300.

domingo, 27 de maio de 2007

Porta da Conceição - vestigios pré-históricos...


A descoberta pelo arqueólogo Hipólito Cabaço de objectos polidos no sítio do Castelo (sem precisar exactamente a localização) e de fragmentos cerâmicos junto da vulgarmente chamada Porta da Conceição parece indício seguro de uma origem pré-histórica da vila, no espaço depois limitado pela fortificação medieval.

As cerâmicas, classificadas por Cabaço como “Eneolítico”, são por ele descritas como “Diversos fragmentos de vasos campaniformes com desenhos incisos encontrados por baixo da muralha da Porta da Conceição – Alenquer”.

Localizado a meia-encosta, o sítio da Porta da Conceição levanta dúvidas quanto à localização e estrutura do povoado a que estariam associados aqueles vasos. João José Fernandes Gomes, que estudou o espólio, aponta duas possibilidades: a de se tratar de um povoado de tipo castrejo, que ocupara o topo do outeiro do Castelo, a 107 metros de altitude; ou de um povoado que ocupara uma das vertentes do mesmo monte.

A primeira parece, contudo, comprometida. Hipólito Cabaço, que nos anos trinta do século XX realizou escavações na zona da alcáçova do castelo medieval nada encontrou de tempos pré-históricos. Como escreveu Luciano Ribeiro: “Supoz-se que, abaixo do piso relativo à primeira dinastia alguma coisa houvesse das civilizações anteriores. Porém, infelizmente: nada!”. Aceitando a segunda hipótese – povoado de encosta - não será indiferente a proximidade da Porta da Conceição às inúmeras fontes e nascentes que brotavam no sítio das Águas, de ambos os lados do rio, que era abundante de peixes, conforme relatos modernos.

Também para lá do rio, no monte fronteiro a esta encosta da Porta da Conceição, chamado do Pedregal, Cabaço recolheu, para além de restos paleontológicos e antropológicos, materiais eneolíticos.

sábado, 26 de maio de 2007

Torre da Couraça...


Ao olhar a velha Torre da Couraça, em Alenquer, sinto tristeza ao constactar o estado de decadência em que se encontra.
Alenquer, foi conquistada aos mouros por D. Afonso Henriques em 1148.
Aqui construiu depois D. Sancho I um palácio.

Senhora da vila por doação de seu pai, D. Sancha concedeu-lhe o primeiro foral.Mais tarde, Alenquer teve novas cartas de foral, dadas por D. Dinis em 1302 e por D. Manuel em 1510.
A posição estratégica da vila levou à construção de um castelo de difícil conquista para a época. O castelo, do qual restam hoje apenas uns panos de muralha, a Porta da Conceição e esta bizarra Torre da Couraça (encimada por uma casa), terá sido fundado pelos Alanos, sujeito a obras árabes e reconstruído pelo nosso primeiro rei.
Nos últimos anos, foi muito discutido pela autarquia a possivel reconstrução da casa que estava “encavalitada” no cimo da Torre mas o tempo foi passando e cada vez se notavam mais sinais de decadência e possivel derrocada.
Em 4 Agosto 2005, poucos dias após eu ter tirado esta foto, passei pela Torre da Couraça e, com grande surpresa minha, vi que a casa já lá não estava!

A velha Torre já não parece a mesma sem a casa em ruinas.

Parece estranha, despropositada, sei lá...

Damião de Goes - uma vida atribulada...


Fachada de uma antiga casa da Travessa da Várzea, perto da Igreja da Várzea, onde foi sepultado inicialmente Damião de Goes.Foi também na Freguesia de Santa Maria da Várzea que Damião de Goes, ilustre alenquerense nascido no ano de 1502, foi baptizado.

Damião de Goes passou grande parte da vida nos países mais cultos da Europa contactando com as figuras mais eminentes do seu tempo com quem comungava os ideais humanistas.
Apaixonado pela literatura e pela arte, era igualmente grande apreciador de música, além de compositor e executante.A 4 de Abril de 1571 é preso pela Inquisição que reabrira um processo iniciado há vinte seis anos (5 de Setembro de 1545, em Évora), por denúncia do jesuíta Simão Rodrigues, e reafirmado pelo mesmo cinco anos depois, desta feita em Lisboa, sob a acusação de práticas heréticas.
Damião afirmará mais tarde que o motivo destas denúncias foi a tentativa de impedir que D. João III o nomeasse mestre de letras e guarda-roupa do príncipe herdeiro, de quem Simão Rodrigues já era mestre de doutrina, o qual também desejaria acumular.
As circunstâncias, causas e local em que a sua morte ocorreu ainda não estão completamente esclarecidas o que tem dado azo a muita especulação.
Sabemos que foi sepultado a 30 de Janeiro em 1574 na capela-mor da igreja da Várzea na vila de Alenquer, como consta no assento de óbito lavrado naquela igreja onde tinha mandado fazer jazigo em 1560.
Com o passar dos anos, devido aos danos causados pelo terremoto de 1755, a igreja da Várzea foi-se arruinando.
Em finais do séc. XIX, encontrando-se a igreja de Santa Maria da Várzea em notório estado de ruína e abandono, reuniram-se esforços e donativos para provimento das obras tendo a Rainha D. Amélia contribuído.
Os trabalhos foram inaugurados em 2 de Outubro de 1897 mas em 1901 havia apenas as paredes erguidas e o telhado feito.
Só em 1941, o tumulo de Damião de Goes foi transladado para uma outra Igreja de Alenquer, a de S.Pedro.
Nessa altura, ao ser aberto o tumulo detectaram-se provas de que Damião de Goes teria sido, muito provavelmente, assassinado.
Em Setembro de 2002, devido a uma intervenção arqueológica, foi novamente aberto o tumulo deste homem de vida brilhante e atribulada e, para surpresa geral, foram encontrados ossos de várias pessoas adultas (pelo menos 8, 6 homens e 2 mulheres) e de 2 crianças.
Enfim... muitas especulações têm sido feitas em redor destes factos sem se chegar a nenhuma conclusão fidedigna.
São apenas suposições, “presas por frágeis fios”, como esta fachada de uma casa degradada que, teimosamente, continua a manter-se de pé...

Convento de S.Francisco...


Porta da entrada para o antigo Convento de S.Francisco, em Alenquer.Este convento foi o primeiro convento franciscano fundado em Portugal em 1222, por D. Sancha, filha do rei Sancho I, no local onde existia o antigo Paço Real da Vila.
Já está muito marcada pelo passar do tempo mas ainda chama a atenção a entrada para os claustros do Convento revestida a azulejos que datam de 1719/1721. Trata-se de uma obra de Policarpo de Oliveira Bernardes, um dos principais artistas do denominado “Ciclo dos Mestres”, que nesta obra acentuou o carácter barroco e teatral, utilizando tons de azul mais carregados.
Para quem visitar Alenquer, vale a pena apreciar esta obra e, mesmo se a porta estiver fechada, não fiquem pelo exterior.
No antigo Convento está instalado o Lar de Idosos da Santa Casa da Misericórdia e andam sempre por ali alguns velhotes do Lar, como este que está sentado no banco.
Do lado direito existe uma porta que dá acesso à entrada do Lar e podem pedir às Irmãs para os deixarem visitar o interior.
Nos claustros, destaco as suas colunas, a sala do capitulo e o jardim com a cisterna no meio.
Procurem nas colunas e vão encontrar as tradicionais marcas dos pedreiros e, a um dos cantos, poderão apreciar um antiquissimo relógio de sol.
Se der para subir ao 1º.andar e visitar a Capela de Santa Sancha também não se irão arrepender.


Alenquer fica apenas a cerca de 30 minutos de Lisboa, pela A1.
A Igreja de S.Francisco, cuja entrada é a que vemos mais abaixo na foto, foi construida em 1280 e restaurada há uns anos.
Para mim, é a igreja mais bonita de Alenquer.

sexta-feira, 25 de maio de 2007

"Criou-me Portugal na verde e cara Pátria minha, Alenquer..."


Há historiadores que defendem ser Alenquer a terra natal de Luis de Camões, fundamentados no canto dos Lusíadas que diz:“Criou-me Portugal na verde e cara Pátria minha, Alenquer…” outros afirmam que o poeta apenas viveu em Alenquer durante um certo período da sua vida.
Quem terá razão? Não sabemos.


Historicamente, Alenquer é de extrema riqueza.
O nascimento de ALENQUER perde-se na noite dos tempos e com ela está relacionada gente da mais alta linhagem como D.Dinis, Rainha Santa Isabel, D.Leonor Teles, D.Catarina, Luis de Camões, Tristão da Cunha, D.Tomás de Noronha,Visconde de Chanceleiros, Hipólito Cabaço, Palmira Bastos, António Correia Baharem, Salvador Ribeiro de Sousa, Manuel Mesquita Perestrelo. O Infante D. Duarte nasceu em Alenquer em 11 de Julho de 1435.

Afirma-se também que o MILAGRE DAS ROSAS aconteceu em Alenquer, embora numa versão diferente da mais conhecida:
Um dia, em que a Rainha Sta.Isabel foi ver como decorriam as obras de construção da Igreja do Espirito Santo resolveu distribuir uma rosa por cada um dos trabalhadores.
Por respeito à sua Rainha, os trabalhadores agradeceram as rosas e guardaram as mesmas nos seus "gibões" (casacos).
Quando à noite, voltaram às suas casas verificaram, com espanto, que cada uma das rosas se tinham transformado em "dobrões" (moedas) de ouro, o que, certamente, muito os ajudou na sua pobre vida.
Esta Igreja do Espirito Santo foi restaurada e inaugurada no Domingo de Páscoa deste ano. Aliás, Alenquer é uma vila pequena mas com, nada mais nada menos do que 7 igrejas que têm vindo a ser restauradas nos últimos anos.
Uma delas, a de Triana, quando os meus pais casaram, há mais de 60 anos, servia de depósito de mobilias já há bastante tempo. Foi também restaurada há poucos anos.
O mesmo tem vindo a acontecer a outras, que estavam muito degradadas.
Trabalho com muito mérito, dirigido pelo Sr.Padre José Eduardo Martins e que tem envolvido muitos alenquerenses, orgulhosos do seu património.

A lenda da conquista de Alenquer aos mouros...


A lenda da conquista de Alenquer aos mouros, como lenda que é, não está provada ter algum fundamento.
Existem mesmo duas versões da mesma lenda.De qualquer modo, aqui fica, pelo menos como curiosidade:
Diz uma das versões da lenda que D.Afonso Henriques, nas suas conquistas, deparou com uma cidade, fortemente defendida pelos mouros, dentro das suas muralhas.Resolveu cercá-la, com o intuito de a conquistar mas os mouros mantinham-se alerta e apresentava-se dificil conseguir os seus fins.Na manhã do dia em que o rei tinha resolvido invadir o castelo, indo o rei cristão com o seu séquito banhar-se no rio e fazer suas correrias, notaram que um cão grande e pardo que vigiava as muralhas e que se chamava "Alão” calou-se e lhes fez muitas festas. El-rei tomando isto por bom presságio mandou começar o ataque, dizendo "O ALÃO QUER, palavras que serviram de futuro apelido à vila.


Uma outra versão, diz que o cão Alão era encarregado de levar as chaves na boca, todas as noites, pela muralha fora até à casa do Governador e os cristãos aproveitando os instintos do animal, prenderam uma cadela debaixo de uma oliveira à vista do cão que, subjugado por sentimentos amorosos, galgou os muros, entregando assim as chaves aos portugueses.

Fica à vossa escolha qual das duas lendas terá mais fundamento... ou darem crédito aos historiadores que apresentam outras explicações...

Fundação de Alenquer

Alenquer é uma vila muito linda e pacata a cerca de 36 Km de Lisboa.
É chamada “Vila Presépio” por se assemelhar a um presépio, com as suas casinhas brancas encavalitadas na parte alta da vila, chamada, por isso mesmo, de “Vila Alta” e, cá em baixo, o rio a atravessar a parte baixa da vila.
A sua origem perde-se na imaginação dos historiadores e no tempo.
Damião de Goes, notável alenquerense e cronista de craveira universal, atribui a fundação de Alenquer no ano de 418 da nossa Era.
Para uns historiadores Alenquer deriva de "ALAN-KERK", que significa TEMPLO DOS ALANOS.
Existem opiniões a dar aos Suevos a instituição de Alenquer com o nome de ALANKANA.
Por sua vez os Túrdulos (gente mais nobre da Lusitânia, segundo Estrabão), são apontados como os primeiros a erguer a Vila, à qual então chamariam ALAN-KERK-KANA. Frei Luis de Sousa, opina que o nome de Alenquer foi ALANO-KERKA.

Neste rosário de probalidades, junta-se ainda o árabe ALAIN-KEIR, que queria dizer "Fonte abençoada". Ou ainda o árabe EL-HAQUEM" que quer dizer "O Governador".

Alenquer ao longo da sua mitológica existência e até atingir o seu actual topónimo, sofreu várias conturbações, consoante a cultura dos seus habitantes).
Séculos VI AC a II AC - Celtiberos, (BRIG), Cartagineses, Lusitanos e Túrdulos (ALAN-KERK-KANA);Séculos II AC a V DC (418) - Romanos (ARABRIGA, GERABRIGA e IERA-BRIGA);418 a 714 - Alanos (ALENEN-KERK) "Igreja", (ALANO KERK) e (ALAN-KERK) "Templo dos Alanos", Vândalos, Suevos (ALANKANA) e Visigodos;714 a 24 de Junho de 1148 -Mouros (Ano de 714) ALAIN-KEIR "Fonte Abençoada" e EL-HAQUEM "O Governador";Desde 24 de Junho de 1148 - Portugueses ALÃOQUER, ALUNQUER, ALON-QUER, ALANQUER, ALEMQUER e ALENQUER.

A Vila "Presépio de Portugal", tem , com efeito, uma origem ainda não perfeitamente definida.