domingo, 2 de setembro de 2007

Carregado - Marco de Caminhos...


Vamos sair da vila de Alenquer para dar um salto à maior freguesia do concelho (em numero de habitantes), a freguesia do Carregado.
Nó central de eixos viários, desde os primórdios, (1ª linha dos caminhos de ferro, Lisboa - Carregado); cruzamento da Estrada Real Lisboa - Caldas da Rainha e Lisboa - Santarém, bem como pólo fluvial importante através do rio Tejo, desde Lisboa às Portas de Ródão, o Carregado continua hoje a sua tradição de nó central das linhas viárias que cruzam o País.
Esse facto está registado, como não podia deixar de ser na heraldica da freguesia em que o elemento central é “o marco de caminhos”.

Hoje de manhã, resolvi seguir o caminho de dois desses marcos até porque a meia distancia entre eles se encontra a minha casa, numa pequena aldeia com o nome de Obras Novas, com pouco mais de 300 habitantes.
Saindo do Carregado na direcção de Santarém, fiz uma paragem no primeiro para o fotografar e recordei os meus tempos de escola em que esperava a camioneta junto a esse marco que actualmente está num local mais elevado do que estava na época. Com a construção do autoestada (A1) a estrada nacional foi rebaixada e o marco ficou, por isso, isolado lá no alto, passando despercebido aos mais desatentos.
Nele se pode ver a indicação de “Estrada que se derige a Santarem Ano de 1788” do lado voltado para a estrada nacional e, de outro “Estrada de vem das Caldas da Rainha”. Esta indicação leva-nos a crer que esta estrada, possivelmente construída em cima de antigos caminhos romanos, já funcionava muito antes de 1850, ano a que se atribui o inicio da construção da Estrada Real entre Lisboa e Caldas da Rainha, passando por Carregado, Alenquer e Ota.
Por essa estrada, os passageiros e o correio seguiam em deligências de 6 lugares, puxadas por 4 cavalos e o preço de uma passagem entre o Carregado e Ota, com direito a 33 arráteis de bagagem (cerca de 15 Kg) era de 720 réis em primeira classe e 480 em segunda.

Foi por essa estrada que segui, a antiga Estrada da Mala-Posta, não numa “deligência” mas no meu carro... os tempos são outros mas, com um pouco de imaginação, retrocedi “um pouco” no tempo.

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